sábado, 8 de março de 2008

Para além da derrubada dos muros dos hospitais...

A reforma psiquiátrica está além da extinção dos manicômios!!!!

Há que se reformar, questionar os nossos valores e construtos sociais que sustentam a crença de que o sujeito que sofre não tem voz... nem lugar na nossa sociedade.
De acordo com Rodrigues (2003) a “questão da subjetividade, espaço onde se decide o núcleo da nossa existência, vive rodeada por muros que cercam nossas mentes, tais como poder, rótulos, julgamentos, preconceitos”. Muros estes que impedem a concretização dos objetivos da reforma psiquiátrica por destituírem do sujeito que sofre a sua posição de cidadão, com seus direitos e deveres perante a comunidade.
Rodriques (2003) coloca em seu artigo dois pilares que devem ser desconstruídos para que o sujeito com sofrimento mental possa ter a sua cidadania recobrada em nossa sociedade: O poder e o estigma.
Diante disto, pense em quantos paradigmas temos que quebrar, que questionar em nossas mentes para poder se abrir para um contato mais complexo com o sujeito que sofre! Sinto que esse é o nosso maior desafio!
Estudar, ler, repetir o que está escrito é fácil, mas...
Se questionar...refletir...se reformar... se perceber... e se modificar... movimento angustiante esse! Mas sinto que é aí também que reside minha motivação.
Não há como querer trabalhar com saúde mental sem ter um gosto pelo desafio, pelo incerto, pelo descontrole...
Neste sentido, concordo com Gonzalez Rey (2002) quando defende que para ser ter uma visão complexizada do sujeito, há que se mudar a forma como construímos as nossas teorias. E como acredito que as nossas teorias acabam tornando-se a nossa referência de vida... impossível não se implicar neste processo!
Ainda de acordo com o mesmo autor, não há como se estudar um fenômeno tão complexo e singular quanto o ser humano utilizando paradigmas das ciências exatas, aonde o objeto de estudo é estático e a-histórico.
Em suma, para se aproximar do sujeito e humanizá-lo temos que ir além da epsitemologia da resposta e encontrarmos a epistemologia da construção...

Está aí o meu convite a auto-reflexão...

Referência do artigo: Rodrigues, J. (2003). Muros nas mentes: Obstáculo da Reforma Psiquiátrica.
Referência do Livro: Rey, G. (2002). Pesquisa Qualitativa em Psicologia. São Paulo: Thomson Pioneira.
Onde encontrei o artigo: www.bvi-psi.org.br

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