quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A família como uma das saídas possíveis...

Com a complexização da percepção acerca dos fatores que podem estar relacionados ao sofrimento mental grave, amplia-se, também, a gama de saídas possíveis para lidar com a loucura...
E quando falo em saídas, faço mensão não unicamente à ampliação do escopo de profissionais que são importantes para uma visão e um cuidado mais completo, mas também, à família do sujeito que sofre. Devolver o poder de verdade e o poder de decisão à família também faz parte do nosso trabalho enquanto profissionais da área de saúde mental.
Perceber que esta família, tem em si várias ferramentas que, quando direcionadas da melhor forma, podem ajudar o sujeito na sua lida com o cotidiano. E não só isso, podem ajudar também a própria família a voltar a se relacionar e se ver enquanto família...capaz de cuidar e de resolver seus próprios dilemas!
Quando trabalhei com famílias, via-me sempre no lugar de facilitação tanto da comunicação verbal inter-membros, quanto do direcionamento de determinadas características dos membros da família, que conseguíamos perceber enquanto possibilidade de facilitação, para a resolução de determinados problemas colocados pela relação com o usuário de saúde mental.
E este papel, este lugar, é extremamente importante, senão fundamental para que a família se sinta capaz de cuidar, sinta que pode ser independente e que não precisa o tempo todo da figura do profissional ao lado para lidar com o sofrimento mental grave.
Desta maneira, consigo perceber que a loucura, dentro da reforma, deixa de ser algo de responsabilidade exclusiva dos profissionais e passa a ser um desafio que deve ser encarado por todos. Quando digo todos, incluo também a comunidade em geral... mas, deste assunto falaremos mais tarde.
Sem essa visão complexa e essa postura a reforma psiquiátrica não é possível...

É isso aí!!!

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